15 de mai. de 2011

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

 



            






                                    Apresentação






      O presente trabalho faz uma análise, à luz de Paulo Freire, Mário Parisi, dentre outros, sobre a avaliação e organização do trabalho pedagógico, considerando inúmeros aspectos e determinantes para avaliar;
      A avaliação requer uma leitura da situação social, passando ainda por: Responsabilidade, mudança, problematização, conscientização, compromisso, inclusão e esperança.




Avaliação e organização do trabalho pedagógico: Uma ordem freireana.





      Pensar na ação educativa, como processo de liberdade do homem, impõe a coragem de, entre outros fatores lançar o olhar crítico sobre os determinantes estruturais da escola, anaalisando as formas organizadas do trabalho pedagógico e as condições concretas do contexto educativo.
Para nos posicionarmos positivamente diante dos obstáculos que se apresentarão, posição essa, que nos leve teimosamente aonde queremos chegar.
À luz da concecpção de educação libertadora de Paulo Freire

      Pensar nos trabalhos pedagógicos e na prática educativa na concepção Freireana nos remete ao pensamento da ideia da educação como ato de liberdade. Tendo para isso a compreensão da literatura do livro pedagogia da autonomia, nos provoca com as seguintes ideias:


Tenho chamado a atenção para a natureza humana constituindo-se social e historicamente e não nos fazemos conscientes estś marcada pela finitude, pela inclusão e nos caracteriza como seres históricos.
Não apenas temos sido inacados, mas nos tornamos capazes de nos saberes inacabados.



Aí se abre para nós à possibilidade de inserção numa busca permanente. Uma das raízes da educação, e que faz especifidades humanas, se acha na realidade da inconclusão que se percebe como tal. A permanência da educação também está no caráter de constância da busca, percebida como necessária. (Freire,1977:35)





      Como ato de liberdade, a educação deve configurar-se como rejeição a qualquer forma de aprisionamento, domesticação, alienação, opressão para constituir-se como experiência dialética da libertação do homem, que se realiza no diálogo entre educador e educando.
      Nesta abordagem supracitada, implica em compreender a educação como de conhecimento e a relação interativa aprender-ensinar como desafio, curiosidade epistemológica, dúvida, provocação, criticidade, diálogo, reinvenção e recriação.
Destacamos a avaliação como elemento chave na organização e compreensão do trabalho pedagógico.
      Por sabermos que ensinar exige a reflexão crítica sobre a prática, porque a razão e a emoção, se configuram como elementos constituídos dos ser humano em sua unicidade. Quando pensamos criticamente sobre a prática estamos nos avaliando. “A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer”. (Freire, 1999:43).
      Historicamente, a palavra avaliação tem sido associada a julgamento autoritário, prova, erro, fracasso, reprovação e ainda hoje apesar do avanço teórico no campo da avaliação educacional, apesar dos novos paradigmas que enfatizam o caráter emanicipatório, libertador da avaliação, a prática pedagógica resiste em romper com uma cultura avaliativa que aprisiona, domestica, adestra, aliena e oprime.
      Apesar de estarmos no terceiro milênio, estamos ainda condicionados a uma tradição dos exames escolares, que foi sistematizada nos séculos XVI e XVII, com as configurações das atividades pedagógicas produzidas pelos padres jesuítas (séc. XVI) e pelo bispo protestante John Amós (séc. XVII). Certamente que existiam exames antes desse período; por exemplo, existem registros antes utilizados na China, em torno de três mil antes de Cristo, para seelecionar homens para o exército, pórém, “exames escolares”, como são praticados hoje na escola, foram sistematizados com o advento da modernidade.
      A pedagogia que emerge da confluência das teorias pedagógicas jesuítas e comenianas constitue o que hoje denominamos de pedagogia tradicional.
      Não é de graça que, ainda hoje, estamos praticando, em nossas escolas regras estabelecidas dos séculos XVI e XVII.
De acordo com Parisis, comênio surgeriu o poder púlblico de criar um personagem chamado 'Escolar', que tinha a responsabilidade de avaliar a escola, não o aluno. Não é este o espírito do chamado “provão” do ministério da Educação aplicada aos alunos das universidades? “Comênio antecipou, em muito essa proposta” (parisi, 1991:58).
      Apesar das enumeras concepções de avaliações a exemplos: classificatórias, educativa e auto-avaliação, que é frequentemente aplicada nos trabalhos pedagógicos avaliativos, encaminhavam tais aplicalções para serem refletidas à luz de freire, que nos ensina a avaliar humanizadamente como: consideramos o ser humano com as suas multifacetada experiência. Ele é um ser integral bio-psico-coagnitivo-social-histórico-espiritual.
     Avaliação e mudança: que está ligada a ideia de contrapor a avaliação progressiva que passara pelo desafio da intencionalidade.
      Para Freire, “os objeticos sociais mediam e produzam limites para o desenvolvimento do trabalho pedagógico na sala de aula.” (Freire, 1995:94).         
     Mudar é um ato de coragem que exige posicionamento definido quanto à direção que queremos dar às nossas ações a partir do entendimento que teremos dos objetivos sociais.

Avaliação e problematização

      Indagar é esforça-se por descobrir, é procurar saber, investigar, pesquisar, ir além do aparente; implica no adentramento crítico que nos leva à apreensão mais profunda do fenômeno do estudo. A atitude indagadora que caracteriza o ato de problematizar a avaliação representa o esforço de tomar a distância para tentar compreender, buscar significados nas respostas dadas pelos alunos as questões postas.

Avaliação e conscientização

      A conscientização, como atitude crítica frete ao mundo, caracteriza-se pela unidade dialética entre a ação e a reflexão. Como ação reflexiva, a avaliação se configura como processo de conscien-tização em que a dialogicidade e a interação serve de lastro à construção em que a dialogicidade e a interação serve de lastro à construção do conhecimento crítico.

Avaliação e compromisso

      A ação avaliada pontada na problematização e conscientização, tendo como horizonte a hu-manização do homem, tem que estar comprometida com a construção de uma nova sociedade. Nes-se sentido, o compromisso com um projeto pedagógico.
      É no coletivo que a ação pedagógica é construída e o compromisso político-pedagógico se tornam práxis.

Avaliação e inclusão

      Infelizmente, o controle social tem, na avaliação escolar, uma importante aliada nos processos seletivos da sociedade de classes. O sistema escolar não esta organizado para incluir, continua excluindo. Para combater a exclusão temos que contrapor a avaliação inclusiva que está preocupada em garantir o acesso e permanência e aprendizagem de cada um.

Avaliação e esperança

      Avaliar com esperança diante do quadro que se apresenta é visualizar uma nova organização escolar esperançado-nos na luta por uma escola cidadã e por mundo melhor.


Revisão / Bibliografia

      A prática educativa nos dias de hoje requer muitos saberes, esses saberes são indispensáveis para uma prática educativa realista, para tanto a leitura do livro pedagogia da autonomia de Paulo Freire, no ano de 1999, nos leva a essa compreensão.
      No entato a educação escolar é nosso fazer maior, que a todo instante desafia no saber, ou requer um saber realista da situação e seus determinantes. O livro do Professor João francisco de Souza, A educação escolar, nosso fazer maior produzido pelo NUPE – Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão Popular do centro de educação UFPE. Ano 2000.
      Porém, para avaliar precisamos tomar partindo de uma linha avaliativa, para a linha humanis-ta, temos Paulo freire que nos convida para avaliar criticamente nossa prática, que está bem explica-da no texto da Professora Maria Helena da Costa Carvalho. Avaliação e organização do trabalho pedagócido: Uma abordagem Freireana.






Bibliografia

Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia, Ed. Paz e Terra, 12ª edição, P, 1999.

Souza, Francisco João. A educação, Nosso Fazer Maior, Desafia o Nosso Saber. Ed. Bagaço, Sp, 2000.

Parisi, Mario. Fundamentos da educação, História e Filosofia da Educação, Ed. Saraiva, SP, 1998.















1 de mai. de 2011

A IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA


A IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA BÍBLICA - PARTE 1 Preletor: Augustus Nicodemus

MENSAGEM

A IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA BÍBLICA - PARTE 1
Preletor: Augustus Nicodemus
Palestra proferida no Seminário Teológico do Betel Brasileiro na ocasião do lançamento da obra: A Espiral Hermenêutica (Edições Vida Nova).


Começarei falando da necessidade da hermenêutica bíblica. Como Osborne em seu livro A Espiral Hermenêutica, eu acredito sim que o propósito da hermenêutica é nos levar finalmente à pregação da Palavra de Deus. Contudo, antes de pregarmos, precisamos interpretar as Escrituras. Não é simplesmente abrir a Bíblia e dizer o que ela está dizendo. Nem todo mundo se apercebe do fato de que a leitura de qualquer texto sempre envolve um processo de interpretação. Ou seja, não é possível compreender um texto, qualquer que seja, sem que haja antes um processo interpretativo ― quer esse texto seja um jornal, quer seja a Revista Veja, quer seja a Bíblia. A leitura sempre envolverá um processo de interpretação ― ainda que esse processo seja inconsciente e nem sempre as pessoas estejam alertas para o fato de que um processo de compreensão está em andamento. A Bíblia é um texto. Ela é a Palavra de Deus, mas ela é um texto. Como tal, ela não foge a essa regra.

Cada vez que abrimos a Bíblia e a lemos procurando entender a mensagem de Deus para anunciá-la em nossa pregação, nos engajamos em um processo de interpretação, de maneira consciente ou não. Como Palavra de Deus, a Bíblia deve ser lida como nenhum outro livro, já que ela é única. Não há outra Palavra de Deus. No entanto, como ela foi escrita por seres humanos, deve ser interpretada como qualquer outro livro. Nesse sentido, a Bíblia se sujeita a regras gerais da hermenêutica e da interpretação, que fazem parte daquilo que é lógico e tem sentido dentro da nossa realidade. Ou seja, quando nós refletimos no fato de que a Bíblia é um texto ― sujeita a regras gerais de interpretação ―, temos um texto que está distante de nós por causa da sua idade, das línguas originais, do diferente contexto cultural. Tudo isso faz com que a leitura da Bíblia requeira um esforço consciente de interpretação. É diferente, por exemplo, de você pegar a Revista Veja ou Estadão e ler. Quando você se aproxima da Bíblia, está se aproximando de um texto antiquíssimo que foi produzido em outro contexto e em línguas, que não são faladas atualmente. Além disso, foi escrito para responder a perguntas que nem sempre são as mesmas perguntas de hoje. Daí a necessidade de interpretação de todo um processo consciente de hermenêutica.

Dessa forma, desejo falar desse fenômeno que nós chamamos de distanciamento, a partir de duas perspectivas. Primeiro, a Bíblia como um texto, como um livro, não caiu pronta do céu — embora se pensasse assim em determinada época. Ela foi escrita por pessoas diferentes, em épocas diferentes, línguas e lugares distintos. Por isso, é um texto distante de nós. Aqui é que entra o que os teóricos da hermenêutica chamam de distanciamento. No caso da Bíblia, esse distanciamento aparece em algumas áreas.

O primeiro distanciamento é o temporal. A Bíblia está distante de nós há muitos séculos. Seguindo a postura do cânon tradicional, o último livro foi escrito por volta do final do século I da Era Cristã. Para os liberais, o último livro teria sido escrito no século II, mas normalmente a data que se atribui é a do final do século I ― o que, portanto, nos separa temporalmente da Bíblia cerca de 2 milênios. Assim, não devemos pensar que um livro de 2000 anos pode ser lido como quem lê a Revista Época, em que a última edição saiu no sábado passado. Há esse fenômeno do distanciamento temporal, que precisa ser levado em consideração.

Em segundo lugar, há um distanciamento contextual. Os livros da Bíblia foram escritos para atender a determinadas situações. Várias delas já se perderam no passado. Por exemplo, o uso do véu não é um problema nosso aqui no Brasil. O ataque do próprio gnosticismo nas igrejas da Ásia Menor, o contexto de invasão do profeta Habacuque, o propósito de Marcos, a antipatia dos judeus para com os ninivitas na época de Jonas, todas essas situações distintas produziram a literatura que depois se tornou canonizada, e que nós chamamos de Escritura. Várias dessas situações nos são estranhas, não existem hoje. Dessa forma, além de ser um livro que foi escrito há 2000 anos, foi um livro escrito para atender a determinados problemas que não são os mesmos enfrentados hoje.

Em terceiro lugar, há o distanciamento cultural. O mundo que os escritores da Bíblia viveram não existe mais. Ele está em um passado distante, com suas características, sua cosmovisão, seus costumes, tradições e crenças. Nós vivemos hoje em um Brasil de tradição ocidental, influência europeia, americana e uma série de outras influências de um mundo completamente estranho àquele em que viveram os autores do Antigo Testamento e do Novo Testamento.
Em quarto lugar, temos o distanciamento linguístico. As línguas em que a Bíblia foi escrita também não mais existem. Já não se fala mais o hebraico bíblico, o grego koiné ― mesmo nos países onde a Bíblia foi escrita. Então, essas línguas já não são mais faladas ou conhecidas, a não ser através de estudo.

Em quinto lugar, nós temos o distanciamento autorial. Nós devemos ainda reconhecer que teríamos uma compreensão mais exata da mensagem se os autores da Bíblia estivessem vivos. Eu, por exemplo, gostaria de pegar o celular e ligar para Pedro e perguntar para ele o que ele quis dizer quando afirma que Jesus foi pregar aos espíritos em prisão, ou ligar para Paulo e perguntar o que ele quis dizer quando ele fala dos que se batizam pelos mortos, ou ainda o que Mateus quis dizer quando registrou a frase em que Jesus afirma que não cessariam de percorrer todas as cidades de Israel antes que viesse o Filho do homem. Eu gostaria de pegar o celular ou mandar um e-mail para os autores da Bíblia e tirar algumas dúvidas. Isso não é possível a não ser que você seja espírita e faça uma sessão de invocação de mortos.

Portanto, esse distanciamento faz com que os pregadores, antes de qualquer coisa, sejam hermeneutas. Eles têm que ser intérpretes. Eles têm que estar conscientes de que estão transmitindo o sentido de um texto antiquíssimo e distante de nós em uma realidade completamente diferente. É nesse ambiente que nós afirmamos que interpretar é tentar transpor o distanciamento em suas várias formas de chegar ao sentido original do texto ― à intenção do autor ― com o objetivo de transmitir o significado para os dias de hoje. É aqui que reside a tarefa hermenêutica.

Por outro lado, a Bíblia também é um livro divino, e esse fato faz com que também o fenômeno do distanciamento apareça. Por exemplo, o distanciamento natural: a distância entre Deus — o autor último das Escrituras — e nós é imensa. Ele é Senhor, o criador de todas as coisas no céu e na terra. Nós somos suas criaturas imitadas, finitas. A nossa condição de seres humanos impõe limites à nossa capacidade de entender e compreender as coisas de Deus, ainda que reveladas em linguagem humana. Existe um distanciamento natural entre nós e o texto bíblico pelo fato de que ele é a Palavra de Deus, é a revelação de Deus. Ele é “totalmente outro”, a alteridade de Deus. A diferença entre Deus e nós faz com que a sua revelação careça de estudo, de aproximação da maneira certa.

Além do distanciamento natural existe o distanciamento espiritual, porque somos criaturas pecadoras, caídas, e o pecado impõe limites ainda maiores à nossa capacidade de interpretação da Bíblia. É o que nós chamamos de limitações epistemológicas. O pecado afetou não somente a nossa vontade, não somente os nossos desejos, a nossa capacidade de decidir, mas também afetou a nossa capacidade de compreender as coisas de Deus. Isso explica a grande diferença de interpretação que existe entre crentes verdadeiros que estão salvos pela graça de Deus em Cristo Jesus, mas simplesmente não conseguem concordar na interpretação de determinadas passagens.

Há também o distanciamento moral, que é a distância existente entre seres pecadores e egoístas, e a pura e santa Palavra de Deus que nós pretendemos entender e pregar. Essa corrupção acabou introduzindo à interpretação da Bíblia motivações incompatíveis com ela. Por exemplo, a Bíblia já foi usada para: justificar a escravidão; provar que os judeus deveriam ser perseguidos; provar que os judeus deveriam ser defendidos; provar que os protestantes brancos são uma raça superior; executar bruxas; impedir o casamento de padres; justificar o aborto; justificar a eutanásia; justificar e promover os relacionamentos homossexuais; proibir a transfusão de sangue. O catálogo é imenso do que tem sido usado como motivação de agendas diversas e variadas.

Tudo isso evidencia que não é tão simples assim o que a maioria das pessoas pensa sobre “como” pregar a Bíblia.

Fonte: http://www.creio.com.br/